quarta-feira, 18 de junho de 2008

MINHAS PALAVRAS


Minhas palavras
estendem-se como véus.
Mas não velam meus olhos
sondáveis ao olhar de Deus.
Como um lago nos caminhos
manancial bíblico,
assim é a alma humana.
Ser bem sucedido ou não
na jornada da vida
dependerá somente da melodia
de paz e amor que cantarei
antes da partida.
Desejo ser como o astro-rei
que prepara as primaveras,
que nunca lança flechas,
mas sim sementes na terra
para a magnânima construção.
Que dessa luz e desse pó
seja sempre o meu rosto
e finalmente, num poente
o meu último pouso
rumo à estação imensidão.


(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)


A FAVOR


Suspira a pedra... destemida...
Não serei ruína, mas construção.
Anda... molda-me em tua mão.


(Direitos autorais reservados).


ALVORECER


Endireitam-se os meus olhos
não se consomem pelos enganos,
incendeiam a luz de junho
com entendimento do divino plano.
Não tornarei a apedrejar meus erros
diante de uma sabedoria
que me ama com tanto desvelo
que é minha noite, meu dia.
Pois moldaram-me as curvas do caminho,
e as flores todas em desalinho,
preparam-me um jardim a renascer.

O amargo cálice daquele antes
transmutarei em novo vinho mais adiante
para brindar o Mestre Alvorecer.



(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)


UM NOVO DIA


Sobre o gelo,
o hálito perfumado do sol
encantando o verde,
devolvendo a vida
que a noite escura não levou.
Os pássaros retomam a lida.
E sempre nasce um novo dia
pois a alma é um permanente vôo
para além das ausências,
para além do inexplicável
mesmo que o humano campanário
tenha dobrado sinos de papel.
O coração sempre será
um arco-íris solitário,
mas nunca infeliz
pois tem por vestes
as cores do seu próprio céu.
(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)

domingo, 15 de junho de 2008

IMENSIDÃO


Neste silêncio da tarde,
em que até os ventos se calam,
é tua flor de saudade
que meus poros exalam...

Saudade dos teus olhos ternos,
que perscrutavam o meu espírito.
Dos portais dos teus pensamentos
que aos meus, sempre se abriram...

Meus ouvidos não mais acessam tua voz.
A memória tornou-se mais fraca,
como uma água cansada que perdeu sua foz,
e que já poluída, não nutre mais nada...

A estranhas paragens,
a rochas imensas,
a vida me leva.
A sítios sem norte,
a felicidades efêmeras
entre a vida e a morte.

Os que eram sonhos de mim
ultrajaram minha casa.
Revolveram meus jardins,
alimentaram-se de minhas rosas.

Agora, um profundo silêncio
toma conta de tudo.
Até a confiança e o tempo
tornaram-se mudos.

Mas é na tua imensidão,
que mais uma vez,
apascento o verde dos meus campos
que são da cor dos teus olhos
e do teu nome santo:
- Mãe.


(Direitos autorais reservados).

sábado, 14 de junho de 2008

O SONHO NO CORAÇÃO

Nada perdí
porque a noite não é
a minha palavra.
Eu me repito em cada regresso
e sou como a água que
tira a angústia das rosas.
Os pomares da alma são
meu ninho eterno --- e a eles retorno
no inverno da vida e muitas vezes,
na agonia desencontrada
de minha primavera transfigurada
e desguarnecida.

Biblicamente, olharei os céus,
não em busca de Deus,
mas em busca do sonho...
que roça as mãos e quer chegar ao coração,
qual lírio do campo,
nobre, fiel... luz... na noite escura
pequeno anjo e pirilampo!


(Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)

sábado, 7 de junho de 2008

A LUZ DA AURORA

Minha casa interior
tem pés firmes.
E eles são como relâmpagos
na lembrança dos olhos
que guardaram os céus.
Minha alma é como o vinho
arrancado à vindima
numa manhã de outono
quando as chuvas cessaram
e uma aurora prenuncia
a volta dos perfumes.

Meu Deus interior honra-me
esculpindo em mim

um portal de esperança.
Sei que o pouso do coração
poderá ferir-me...
se não conseguir distinguir
as asas reais dentro do próprio sonho.

Mas a luz da aurora,
inexoravelmente se faz.
E mesmo que o vento ouse tremer
as folhas, dessa luz receberão vida
e somente o amor será a água
que nutrirá a raiz
para que honre o rosto
que a habita.



(Direitos autorais reservados)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ENCANTAMENTOS


Não sei de onde vêm as vozes.

Talvez dos labirintos da alma.

Pedem claridade...

a candeia acesa.

Verdade.


Não sei de onde vem o perfume.

Talvez de uma lágrima de nuvem

que resolveu desdobrar-se à vontade.

Cada mensagem, que chega

de dentro da alma, carrega

a perspectiva da entrega

do amor, no bem e no mal.

Vem, talvez,

da pena fincada neste peito

que exige das mãos o direito

de semear rosas e espinhos,

mas também luares e sol.


Não sei de onde vêm

essas formas que farfalham

pelas minhas veredas desatentas.

Talvez eu só as reconheça,

verdadeiramente, um dia,

quando minha própria dor me disser

- Escreve-me! Me alenta!




(Direitos autorais reservados)

A QUEM INTERESSAR POSSA?

Talvez tenhamos nome de perfume

quando o vento nos devenda

os segredos.

Ou, quem sabe, somos sonhos de nuvens

quando chovemos tão cedo.

Lá, no horizonte, do outro lados dos planos,

alguém nos mantém vivos

só por crer que nos amamos.

Somos paciente beleza

que não se reconhece na tristeza

quando a vida prega peças.

Mas sobrevoando nossas águas,

nesse universo de nossas mágoas

a quem nosso vôo do coração

interessa?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

REFLEXÕES INDÔMITAS


E veio da inocência,
as alegrias cansadas,
o contacto com a chuva
que enxarcou o nada.
A canção da viagem
desvairou-se sobre um mar imenso.
Tanto fui, tanto sonhei
que náufraga, não me salvei
dos meus próprios pensamentos.




(Direitos autorais reservados).

ADEUS



Por que me acenas?
Não és mais que vertigem
na noite escura.
Não fui à tua procura,
não fui lenço acenando,
violino cantando,
dobre de sino.
Nada me ensinaste,
nada te ensino.
Já desfolhei o sorriso
na noite que em fui sobrenatural.
Agora, perdí o rumo do teu paraíso.
Sou tempo fechado,
transpiro enfado,
sou ponto final.



(Direitos autorais reservados).

NOTA DE RODAPÉ MUSICAL


Minhas mãos escrevem de olhos fechados
as respostas aos meus pontos
de exclamação.
A vida não tem pressa, não se admira.
Vive-se.
Humana, por deveras, sou, entre os espaços
em branco, as interrogações,
os astericos -- estrelas d'água
que sobre plumagens encantadas
levam para longe de mim
as reticências, os travessões.
Sou palavra diminuta ou aumentada
conforme as falas me vêm
como punhais
ou como canções...



(Direitos autorais reservados).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quem??


Decerro os montes
A fonte lapidou sombras no céu.
E esse grito dentro de mim.

Estão tirando sangue

de minha seiva.

Depois...depois...


E depois chegou um tempo

de arder um grande rio

sem nenhum sentido.

Dos longes, a grandiosa história

anoiteceu no horizonte

a memória, as montanhas

com seus cumes estranhos

e suas trilhas desertas de êxtase.


Folha perdida, vazia

no horizonte flutua...

flauta amarga toca pra lua

indiferente.