segunda-feira, 4 de junho de 2012

HUMANAMENTE

Digno Pastor destes rebanhos,
que é feito de Vossa Voz sobre os campos
outrora supreendidos pelas mãos dos homens?
Que é feito da Tua autoridade solar sobre as flores,
sobre as sementes, a despeito do orgulho silencioso
dos corações?
O Teu serviço direciona o curso dos rios
e fomenta os jardins ao sol.
O Teu serviço é a história do salto da vida
sobre o abismo das impossibilidades.

Que amargor, Digno Pastor dos Rebanhos
diante das profundas águas dos olhos
de homens e animais
quando a esperança se rasga
como a Palavra que proferiste há 2000 anos
e é ateada a lama do amor morto.

Caixeira-viajante do espírito,
balbucio Teu velho nome
do fundo desta colina
e quero ir ter Contigo,
onde assentaria minha alma a Teus pés
e me ensinarias a alegria,
(que nunca pude compreender).



(Direitos autorais reservados).
Foto: pesquisada no Google.

sábado, 21 de abril de 2012

DIMENSÃO DA NOITE


Teu olhar mudo.
Uma sombra toma-me pelo pulso.
Réstias de luz são meus vultos,
meu país é o crepúsculo.

Derrubo os muros,
mendiga de sol e ventos
que tragam lá do futuro
fontes pro pensamento...

Cai a noite, noite inqueita...
suspeita de mil anjos adormecidos
Nenhum portal, nenhuma seta.
Só um silêncio vivo.

E a última estrela no céu
é acendedor dos esquecidos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

ESSA PAZ DOLOROSA




Essa paz dolorosa,
perfume que no vento
traz espinhos
e não a rosa.

Essa paz cansada
de escolher um novo caminho
e sempre e de novo
errar a estrada.

Essa paz que nos vãos da noite
procura estrelas nos abismos
onde elas brilham tão fortes.
Sentinelas do deus destino.

Paz dolorosa e imensurável
e por demais amiga:
minha mesa, meu vinho,
meu pão.

Deixarei que nela
minha alma  refaça caminhos,
vertendo saudade nos linhos

aonde um dia pousei
o teu coração
.


(direitos autorais reservados).



domingo, 19 de fevereiro de 2012

UM DIA....

Um dia o mundo abriu-se em uma página,
despontando o sol do sonho no papel.
E num impulso ao mar azul soltei a lágrima
pra que fosse navegando até teu céu.

Deste, à noite escura o que importava:
mil estrelas que foram portas concebidas
pra passagem de minh’alma que andava
perdida em si mesma, procurando a vida.

Mas o destino traçou seu rumo ao léu
e quis que o tempo falasse como um deus
pra levar o coração a canto algum...

Meus olhos, de cansados, ferem lágrimas
pra um destino ignorado e em brancas páginas
escrevem para ti ou talvez pra céu nenhum!


(Direitos autorais reservados).
Imagem: Google

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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

CHEGADA


Este dia que te chega
mais veloz que ontem,
quando  havia um prato à mesa
e o teu nome.

Ah, escolha entre as rosas
a única que te cabe na alma,
a única que é canto e salmo
para que não tenhas mais medo
de caminhar.

De noite as estrelas te falam
do cantar dos galos
à chegada
dessa presença na alma,
quando até os deuses
vão acordar.



(Direitos autorais reservados)

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

TENHO SAUDADES

Tenho saudades do meu amor que te amava
vestido de silêncios e conflitos tão sinceros.
Um amor que era sol -  um amor tão belo
que até aos anjos a sonhar  ele ensinava.

Tenho saudades do amor que eu sentia,
momentos manuscritos dentro do coração.
Tinha linhagem aquele sonho que eu vivia.
Era uma luz passando a limpo a escuridão.

E onde estás? Não te encontro mais
e nesses meus sonhos, o que buscais
ó anjos?  -  a esperança já vencida?

Não entendo mais essa linguagem.
Sei que a dor muda toda paisagem
do livro interior, onde se escreve a vida.


(Direitos autorais reservados).

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUANDO AINDA ERA DIA...



               (a minha mãe Hilda, in memoriam)


Quando ainda era dia
e as nuvens passeavam no céu,
eu ouvia tua palavra,
por mais cansada que estivesses.
Estavas ali com teu coração,
então minha angústia se calava
porque a tua palavra  era prece.

Quando ainda era dia
mas a chuva desmanchava meus sonhos
sempre estavas ali
carregando em teu colo não os teus,
mas os meus abandonos.

Quando ainda era dia
e meu olhar parava nas distâncias
fitando o nada do horizonte
inocentemente me perguntavas
- O que estás vendo tão longe?

Depois a noite desceu
sobre os nossos jardins,
sobre os teus canteiros,
as tuas hortaliças.
O galo não mais cantou.
Os  espinhos sorriram  pra  mim.
A alegria me perdeu de vista.

Aninhou-se  no mais alto da árvore
um pássaro chorando na tarde.
E os anjos te envolveram no ocaso
de tua própria luz
como Verônica envolveu em seu braços
o lenço que roçou o rosto de Jesus.


(Direitos autorais reservados).



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