sábado, 26 de março de 2011

NOSSA SENHORA DOS SONHOS




Maria,
Há quanto tempo olho as nuvens,
esperando ver-Te numa estrela despertada
em pleno dia.

Há quanto tempo
deixei de contar ao sol os meus sonhos
porque a chuva sempre me surpreende
a caminho do Teu olhar.

Há noites, Maria,
em que penso ouvir Tua voz
na harpa que o vento toca nas ramagens
e meus ouvidos assemelham-se à terra
aguardando a semente que gerará a primavera.

Maria, Maria....
um a um os anjos me dizem de Ti
quando mal distingo as luzes do dia
entre as brumas dos meus olhos.
Vejo-os brincarem ao nascer de cada dia,
vejo-os rolarem pela grama e latirem para mim
seu bom dia de amor.

Eles me dizem de Ti
em cada pétala que o vento leva,
em cada pássaro que me sorri
do beiral do mundo, me dizendo
estou aqui esperando a chuva passar
para cumprir a vida.

Maria,

Mãe de todas as cores
do arco-íris por onde caminham os sonhos,
da Tua luz sobre a noite mais brilhante,
doa-me o sentir cada novo dia
como aquela Tua Noite de Paz.


(Direitos autorais reservados)

domingo, 13 de março de 2011

DO QUE SE IMPRIME NO AKASHA


Dia que passa.
Aves em estado de graça
nos troncos carcomidos.
Primavera esmaeçida
na borboleta branca que passa
sem se dar conta do estado de graça
das aves altivas.
Perco meus olhos nessa contemplação
onde jaz meu coração
no passo da formiga.
Uma luta insana pra sobreviver,
uma luta insana pra não perder
minhas asas escarnecidas.

Todo rosto me é duro e cruel.
Graça e beleza me falam - só no papel.
Com meus anjos vou ao inferno
que os seres humanos constroem
falando o tempo todo de céus.

Criadores de seus próprios infernos,
artífices de sua própria cegueira.
Dormem em suas páginas
suas vidas - letras de poeira.

Vou com meus remos de coragem
lentamente, pelo caminho
Se há um Deus nesta viagem
não sei.

Dizem que é só meu esse destino.


(Direitos autorais reservados)

SAUDADE



Esquecimento de areia
Na janela um cântico foi feliz.
O tempo foi comunhão com o vento,
à voz daquela doçura
e os meus olhos gotas d'água
de ternura.

É duro render-se à ruptura
do que respirou dentro de nós
como aurora em noite ecura.

INVERNO


Inútil construção
dessas colunas disformes,
que vazam a luz do anoitecer.
Em meu rosto essa luz ainda dorme
mas chega-me por onde não deve
umas frestas de amanhecer.


(Direitos autorais reservados).