terça-feira, 21 de dezembro de 2010

UMA PONTE SOBRE ÁGUAS TURVAS (*)



Quanto corre a água em nossos caminhos.
Leva, muitas vezes, nossos melhores sonhos.
E traz, em outras, o insólito brilho de uma estrela
que julgávamos perdida.
Ora clara, ora turva
traça no rosto seu itinerário humano
enquanto orvalho vertido da alma.

Teu sorriso é ponte sobre essa água.
Teu abraço é o galho frondoso
que se deixa cair à margem
para beber do raio de sol
que nela se espelha.

E Teu amor é o pássaro
que dela bebe,
para sustentar seu vôo
junto ao horizonte,
onde todas as aguas
são irmãs.



(*) inspirado em
"Bridge over troubled water"
(Paul Simon)

http://www.youtube.com/watch?v=C-PNun-Pfb4

(Direitos autorais reservados).
Imagem: yunphoto2863 www.yunphoto.net

sábado, 18 de dezembro de 2010

UM SONHO


UM SONHO


Um dia Ele abriu os olhos
para este mundo.
E viu rostos humanos.
E animais.
E flores e estrelas.
E Ele tão somente quis
que tudo isso
fosse uma grande irmandade.

Vamos tornar o sonho Dele
realidade.



(Direitos autorais reservados)
Imagem: yun719 www.yunphoto.net

sábado, 20 de novembro de 2010

AMAR


(dedicado a todos aqueles que lutam em favor dos animais)


Todo o bem do mundo
cabe dentro de um segundo
num sorriso que nos enlaça.

Amar é receber do vento
um sorriso em pensamento.
E a alma, entontecida,
desprende-se
como folha de outono,
da árvore do seu sono
pra sonhar no chão da vida.

Amar
é deitar-se sob o lume santo
das estrelas e sem espanto
saber-se assim distante
mas também igual.

E numa irmandade celeste,
sempre apreender a luz
desses mestres
sem solidão lilás,
e sem se ferir pra trás.

Amar...
ser doador
como o sol,
pastor como o vento,
mestre como o tempo,
enquanto vida for.



(Direitos autorais reservados).
Foto: yun3450 -www.yunphoto.net/pt/

domingo, 14 de novembro de 2010

NOITES




As noites sempre vão... vão mais além...
desse púlpito de lembranças que é o luar.
Mas essa esfera imanta nuvens que me vêm
derramar a infância pelo meu olhar.

Estou, nessa vida, encarcerada
pelo escriba da noite em minha fronte.
Às vezes me desperto nessa fonte d’água
quando sei que nada sou
- apenas uma serva do horizonte.

O que vejo além do tempo que deforma
o rosto, o corpo, o pensamento:
vejo minha alma como simples rocha
que abraça o mar e se revela nos ventos.



(Direitos autorais reservados)

Imagem: yun1751 http://www.yunphoto.net/pt/

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

RE-ENCONTRO


Quero adivinhar a vida
e essa luz que se infiltra
nos meus passos.

Talvez esse novo jeito de ser
seja apenas a terra a tremer
dentro do meu abraço.

Sentindo o calor do meu corpo
florescem seus campos
no meu rosto
e minha noite é seu cansaço.

Tão leves são essas horas
em que a alma se demora
propondo à terra essa irmandade.

Olhos nos olhos do amanhecer
reverencio auroras pra viver
até meu pôr-de-eternidade.




(Direitos autorais reservados).
(Foto: Yun1419- www.yunphoto.net/pt/)

domingo, 19 de setembro de 2010

SOMENTE


O que carrega no coração
a ternura de um animal
aprende a ser humano.


(Direito autorais reservados).


foto: www.walldesk.com.br

sábado, 18 de setembro de 2010

Sob o olhar de uma Azaléia


Me olhas com estes teus botões nascendo,
tão pequeninos e já espiando
esse retiro dos meus olhos -
porque às vezes te olho sem te ver,
quando estou longe, arqueando
os meus sóis sob este peso
das minhas saudades.
E quando descem as sombras, venho a ti.
Venho tirar-te o corpo,
desnudar-te, para vestir a minha alma.
E entrego-o sobre a terra fria,
em nome de um sentimento que tem ainda
dentro do meu peito a cor do sol
e o brilho de todas as estrelas.
Te peço perdão por esse ato de covardia.
E de coragem. Vais murchar sobre o chão,
mas renascer no âmago de minha alma.
Vais adornar aquele átrio de esperança
do templo daquele que aqui dorme
para que essa minha linguagem de mudo amor
o acorde e ele te olhe, te sinta, te ame,
e me ame em ti,
serva fiel do que de belo
ainda conservo em mim:
essa saudade viva
e o respeito por ti.


(Direitos autorais reservados)
Imagem: www.yunphoto.net (Google)

domingo, 12 de setembro de 2010

Tributo à poeta Nica Barros




ATÉ BREVE, NICA QUERIDA


http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=4548


-- Nica se foi no dia 20 de agosto, não faz nem um mês... deixou-nos a saudade, mas também o legado de seus versos cheios de amor, de esperança, de confiança. Cantava a dor e a alegria, cantava seu pampa querido, que agora ficou mais pobre sem ela, cantava a alegria de viver e de amar. São dela estes versos extraordinários:

"DOWN

São anjos soltos na terra,
tão especiais, mas tão especiais
que nós pequenos mortais,
os chamamos de excepcionais."


** Em seu poema "CIRANDA", nos deixou este tesouro poético:

"Vem criança,
vamos fazer da terra
um balão surpresa
e, quem sabe, ele estoura
em algum paraíso enfeitado
e que lá passamos seguir
a brincadeira de roda, cabra-cega,
amarelinha..."

-- Tudo a tocava, porque tinha verdadeiramente um coração de poeta. Nossa humilde homenagem à amiga querida que se foi, como ela mesma diz em sua obra, "num balão surpresa", para "algum paraíso enfeitado" --- para viver entre os animais e as crianças que tanto amava e respeitava.

** Nossa reverência, nosso carinho eterno àquela que partiu, e que tanto nos ensinou, e fazemos nossas as suas próprias palavras, deixadas em seu belo poema "Ensino":

"ENSINO

Foste tu, flor entregue à estradas
para espalhar sementes
e quem te conheceu e te seguiu
acreditou no amor.

Na voz trazias o canto dos anjos,
nos gestos um tanto da santa.

Ensinavas a fé e eras bem-vinda,
rodeavas as luzes, mas eras a claridade.

Pensei, por vezes, que eras fada
e como mágica entregaste-me bondade.

Da vida pouco passei,
de alegrias, contigo, tudo vivi
hoje, saudade.

Agradeço por tempos ter caminhado contigo
e por onde andar teu nome ensinarei."

(Nica Barros)

terça-feira, 6 de abril de 2010

MINHA SAUDADE


Cai a chuva sobre o doce olhar do anjo
no campo santo -altivo, sublime arqueiro.
Interage com a minha saudade
com as minhas tolas verdades
com meus extremos passageiros.

Face clássica - a minha é vulgar,
nostálgica e irrelevante.
Interdito o verbo chorar
para que essa chuva não te espante.

Vem a mim, falar-me de eternidade.
E dessas luzes que enervam
minha saudade nos espaços.

Vem falar-me com a voz da lua
para que esta minha dor
se derrote nos teus braços.


(Direitos autorais reservados).


Foto: pesquisada no Google

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ESPERANÇA

Nasci de um sonho da noite,
quando a luz tecelã perfurou
os vitrais da aurora
e o grito das esferas ecoou pelos vales.
Revolvi-me dentro da casca
sorvendo aquele raio de vida
como se fosse o primeiro e o último.
Era imperativo renascer
das crostas dolorosas do passado,
da bifurcação da realidade presente,
e do sono das folhas que transmutam
os traços das larvas e da poeira.
Os sentidos purificaram-se à passagem
do sangue pelas letras
e da alma pelas palavras.
O que é imensidão no papel
nada mais é do que um vagido.
Um único vagido para tentar respirar
num novo amanhecer.


(Direitos autorais reservados)