quarta-feira, 21 de maio de 2008

ENCANTAMENTOS


Não sei de onde vêm as vozes.

Talvez dos labirintos da alma.

Pedem claridade...

a candeia acesa.

Verdade.


Não sei de onde vem o perfume.

Talvez de uma lágrima de nuvem

que resolveu desdobrar-se à vontade.

Cada mensagem, que chega

de dentro da alma, carrega

a perspectiva da entrega

do amor, no bem e no mal.

Vem, talvez,

da pena fincada neste peito

que exige das mãos o direito

de semear rosas e espinhos,

mas também luares e sol.


Não sei de onde vêm

essas formas que farfalham

pelas minhas veredas desatentas.

Talvez eu só as reconheça,

verdadeiramente, um dia,

quando minha própria dor me disser

- Escreve-me! Me alenta!




(Direitos autorais reservados)

A QUEM INTERESSAR POSSA?

Talvez tenhamos nome de perfume

quando o vento nos devenda

os segredos.

Ou, quem sabe, somos sonhos de nuvens

quando chovemos tão cedo.

Lá, no horizonte, do outro lados dos planos,

alguém nos mantém vivos

só por crer que nos amamos.

Somos paciente beleza

que não se reconhece na tristeza

quando a vida prega peças.

Mas sobrevoando nossas águas,

nesse universo de nossas mágoas

a quem nosso vôo do coração

interessa?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

REFLEXÕES INDÔMITAS


E veio da inocência,
as alegrias cansadas,
o contacto com a chuva
que enxarcou o nada.
A canção da viagem
desvairou-se sobre um mar imenso.
Tanto fui, tanto sonhei
que náufraga, não me salvei
dos meus próprios pensamentos.




(Direitos autorais reservados).

ADEUS



Por que me acenas?
Não és mais que vertigem
na noite escura.
Não fui à tua procura,
não fui lenço acenando,
violino cantando,
dobre de sino.
Nada me ensinaste,
nada te ensino.
Já desfolhei o sorriso
na noite que em fui sobrenatural.
Agora, perdí o rumo do teu paraíso.
Sou tempo fechado,
transpiro enfado,
sou ponto final.



(Direitos autorais reservados).

NOTA DE RODAPÉ MUSICAL


Minhas mãos escrevem de olhos fechados
as respostas aos meus pontos
de exclamação.
A vida não tem pressa, não se admira.
Vive-se.
Humana, por deveras, sou, entre os espaços
em branco, as interrogações,
os astericos -- estrelas d'água
que sobre plumagens encantadas
levam para longe de mim
as reticências, os travessões.
Sou palavra diminuta ou aumentada
conforme as falas me vêm
como punhais
ou como canções...



(Direitos autorais reservados).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quem??


Decerro os montes
A fonte lapidou sombras no céu.
E esse grito dentro de mim.

Estão tirando sangue

de minha seiva.

Depois...depois...


E depois chegou um tempo

de arder um grande rio

sem nenhum sentido.

Dos longes, a grandiosa história

anoiteceu no horizonte

a memória, as montanhas

com seus cumes estranhos

e suas trilhas desertas de êxtase.


Folha perdida, vazia

no horizonte flutua...

flauta amarga toca pra lua

indiferente.