Nasci de um sonho da noite,
quando a luz tecelã perfurou
os vitrais da aurora
e o grito das esferas ecoou pelos vales.
Revolvi-me dentro da casca
sorvendo aquele raio de vida
como se fosse o primeiro e o último.
Era imperativo renascer
das crostas dolorosas do passado,
da bifurcação da realidade presente,
e do sono das folhas que transmutam
os traços das larvas e da poeira.
Os sentidos purificaram-se à passagem
do sangue pelas letras
e da alma pelas palavras.
O que é imensidão no papel
nada mais é do que um vagido.
Um único vagido para tentar respirar
num novo amanhecer.
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